Acabei de ler uma notícia assustadora. Um desses meninos do Vale do Silício, tendo abandonado a função (só quando eles brigam vaza alguma peripécia que eles estavam a fazer secretamente), relata a última loucura da acumulação de algorítimos. O Facebook já tem acumulado individualmente uma quantidade de algorítimos capazes de prever o que você vai fazer daqui a pouco. O que vai querer comprar, pra onde quer ir viajar, o tipo de livro, peça ou filme que você vai querer ver.
Atenção, não é no que você está fazendo no momento não. Não é aquela procura de um produto na internet que você acabou de fazer e já, já, em tudo que você está fazendo no computador explodem reclames do produto que você acabou de pesquisar. Isso é coisa do passado.
O que agora o acúmulo de algorítimos personalizados pode fazer é adivinhar, antes de você mesmo saber, o que você vai querer no futuro. ANTES MESMO DE VOCÊ TER CONSCIÊNCIA DO SEU DESEJO. Não é assustador?
E o sujeito que denunciou diz que o Facebook já negociou essa magia aos anunciantes e vendedores da internet. Portanto, quando você entrar na rede social, no jornal digital, ou em qualquer pesquisa de rotina aparecerá o anúncio de um produto que você nem sabe ainda que desejará no futuro. A intenção é despertar um desejo que você ainda nem sabia que tinha, mas que eles sabem que você terá. Não é muito louco?
Você estará entre duas atitudes daqui pra frente. Ou diminui essa vida digital conspirativa que pode despertar sua saudável paranoia, ou passará a ser um autômato, que nem mais vontade terá. O computador adivinhará a sua vontade sem nenhum esforço. Eu, já velho e com a memória falhando, posso até achar útil – vez em quando – querer saber o que eu queria mesmo antes de lembrar e me esquecer.
Mas esse será um problema a ser enfrentado pelos jovens. Os velhos nem mais se incomodam com essa bisbilhotice onde eles têm pouco a bisbilhotar.
De minha parte eu queria é que os telefonistas de bancos, celulares e empréstimo soubessem que eu não quero mudar de banco, decido quando quero mudar de companhia telefônica e não quero empréstimo consignado – que é o inferno dos velhos endividados. Ofereço a eles os algorítimos dos meus desejos, para que eles não percam tempo em me ligar, pois já não aguento mais atender tantos telefonemas inúteis durante todo o dia.
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desenho: Dino Alves
Eu facebuko, tu facebukas, você facebuka, nós facebukamos, vós facebukais e eles ficam facebukando a vida de todo mundo!
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mon cher,
nem orwell previu isso. estamos fritos. aliás, como vc bem disse, os jovens.
nem mais as mulheres podemos desejá-las. só contemplá-las e, com muita
alegria pensa, já fui bom nisso.
hahaha… deixemos essas loucuras de lado e vamos avida como queremos
até nosso fim …
abs, nacifelias
p.s.- mande pelo email o misse dora. no zap não passou todo.
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Por isso eu gostei do Homo Deus … me lembrou o discurso da servidão voluntária do La Boethie … não entendo porque as pessoas se espantam com a história da manipulação do Facebook. O problema não é descobrir o que eu penso ou quero mas é me fazer pensar e querer o que o mercado quer que eu pense ou queira …
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