“Eu nunca perco. Eu ganho ou aprendo”.
Nelson Mandela
Se Lula usasse esse conselho, já deveria ter entendido que a Casa Grande não gostou da experiência de ter um representante da Senzala como feitor. Embora tenha feito tudo para agradar os senhores donos da terra e apenas deixando sua gente comer mais um pouco, isso não teve a aprovação da Casa Grande.
Não há conciliação possível para o capital e seu instinto predador insaciável. E se Lula pensou que pudesse refazer o pacto anterior, quebrou a cara. É inegável sua liderança reafirmada nas caravanas pelo país. Faltou combinar com a Casa Grande, se ela deixaria que ele repetisse o grande pacto. Agora, carta de compromisso já não tem mais sentido. Já estamos a meio de um caminho que agrada muito mais ao tal “mercado”. Já não existem direitos trabalhistas e estamos perto de condenar os trabalhadores a um trabalho até a morte ou o abandono de doentes que não possam ser mais escravizados. O papel do Estado está sendo reduzido apenas para proteger os interesses do “mercado”. Saúde, educação e segurança serão privatizados para substituírem as funções do estado para o povo.
O aparato jurídico foi montado para afastar Lula dessa ideia derrotada de conciliação de classes. O aumento da pena restringe as apelações. O recolhimento do passaporte anuncia a prisão. E as massas que o apoiam, como ficam?
Sintomático a desmobilização da multidão após a derrota tão evidentemente previsível. Temos uma multidão em torno de um líder, não de uma proposta. E os velhos estrategistas das guerras em torno de figuras carismáticas já sabiam que bastava abater o líder para desfazer a tropa. Não atoa El Cid foi colocado morto sobre o cavalo para fazer de conta que ainda valeria a pena lutar por ele. As massas só levaram Getúlio ao cemitério, mas não teve levante que mudasse a história. Adiou-se o golpe por receio infundado.
Tudo bem, ainda pensam os estrategistas petistas, Lula pode eleger um poste. Essa estratégia já aconteceu como tragédia e a farsa pode ser desastrosa.
Caravanas se levantaram de todo o país para ir a Porto Alegre defender a liderança. Mas essa força não foi capaz de se levantar para defender os direitos trabalhistas que perdiam e para brigar em defesa do direito de se aposentar.
A democracia, como a entendemos até hoje, parece ter chegado ao fim. A política é governada pela mão invisível do “mercado” e os interesses das grandes corporações. Precisaríamos de uma ampla frente de esquerda com um programa claro de uma reforma política e novas estratégias para recuperar a democracia. Respeitar o ritual antigo dos três poderes, prostituídos como estão nas mãos de interesses escusos, desperdiçaria nova tomada de poder pela via eleitoral.
Mas antes é preciso ganhar as eleições – enquanto ainda existirem – para governar com o povo contra o “mercado”. Porque o interesse de um não corresponde ao interesse do outro, aprendamos de vez a lição. Desperdiçamos uma boa oportunidade durante treze anos. Teríamos que juntar todas as forças de esquerda para a próxima disputa. Em torno de um projeto comum com eixos claros.
Fora isso, continuaremos apenas a enxugar gelo. E a reafirmar, como as religiões monoteístas, que a minha esquerda é a única e verdadeira.
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desenho: Dino Alves
Lamber as feridas é necessário. E esperar o pior. No templo de Zeus Mercado mais uma massacrante vitória está sendo celebrada. E não vejo nas Aldeias da Esquerda, no mundo todo, quase nenhuma necessária efervecência…
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Excelente
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Como sempre, continuo achando que o ruim é melhor que o pior. De onde vejo os treze anos de enxugação de gelo, renderam muitos frutos e conquistas . O ideal da grande “frente ” , que ninguém da esquerda discorda, segue vivo . Porém, como o próprio Mandela viria depois a reconhecer , o momento ainda é do líder com seus caros e negociados avanços.
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Republicou isso em Gustavo Hortae comentado:
LULA, SE MANDA. MANDA TODOS NÓS À MERDA. NÓS NÃO MERECEMOS VOCÊ.
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https://gustavohorta.wordpress.com/2018/01/27/lula-se-manda-manda-todos-nos-a-merda-nos-nao-merecemos-voce/
…Assim escolheram as elites.
Bacanal, orgia, suruba, farra sem fim.
Na suruba as escolhas não são muitas.
Ou se é passivo ou se é ativo. Ou ambos.
Escrachados, esculachados, esculhambados, arregaçados…
Simples assim. É o caos.
É assim a anarquia? Acho que sim. Portanto descubro que não sou anarquista… É claro que não é nada disto. Apenas o caos.
Tem certeza de que é isto mesmo que você quer para o seu país? Tem certeza?
Se é isso que você quer então tá tudo certo….
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