Já estamos acostumados com os nossos deputados corruptos. Mas o último caso (talvez quando vocês lerem isso aqui já não será mais o último, porque a corrupção ali tende ao infinito e recomeça quando acaba a lista) me chamou atenção pelo aspecto familiar. Não é a primeira família pega unida em torno de um roubo, mas aqui o flagrante foi muito evidente. O senador Lobão e seus dois filhos lobinhos são denunciados no mesmo furto. Nas mesmas propinas. Pelos mesmos delatores. E aí, eu, filho de um nordestino duro no molde do caráter dos filhos, fiquei aqui matutando!
Como é que pode um pai ladrão passar, com orgulho, essa característica aos filhos? E iniciar eles no crime, da mesma forma que os nordestinos durões iniciavam os filhos na sexualidade, levando-os ao cabaré? Nesse último caso, tinha no machismo nordestino o orgulho de ter um filho também macho (as vezes não dava certo). Mesmo nos tempos do politicamente correto dos dias de hoje, quem é das bandas lá de cima compreende o pai incorreto politicamente no aspecto da sexualidade. Mas o Lobão não.
Fico aqui imaginando: levou os filhos para tomar a primeira cerveja, iniciou-os nas artes da sexualidade, e – não satisfeito – lá mesmo no cabaré, deve ter feito um desafio daqueles: “agora, meus lobinhos, lhes vou ensinar, filhos amados, a arte de roubar, porque um homem pra ser homem, só ser macho não basta. Tem que roubar. O mundo é dos espertos e não quero filho otário aqui lá casa não”. E aí, imagino, se um lobinho ousasse reclamar, que não queria ser macho, assim, tão ladrão não, o pai devia retrucar: “Quem não rouba é roubado e eu já disse que não quero filho honesto aqui em casa não”!
Estão me acompanhando? Sentem o drama? Parece que os filhos têm que trilhar o caminho de bandido dos pais. Sou de um tempo que até os bandidos não queriam essa sina para seus filhos e em casa o bandido era santo e até moralista, para livrar os filhos do caminho do mal em que ele se metera. O Lobão não. Quer os lobinhos também atrás dos três porquinhos a se emporcalharem na lama da corrupção. Pai desnaturado, esse!
Quem deve estar orgulhoso do filho é o César Maia. Seu menino parecia que tinha um problema. Não tem a cara de muito esperto e o pai não quis fazer um teste de QI. O menino foi indo aos trancos e barrancos e o pai empurrando. Surpresa: entrou na política, virou presidente da câmara e já foi até presidente da república, gente! Se bem que ele substituiu um presidente ilegítimo, mas não foi de todo ilegítimo o desempenho de um menino que todo mundo jurava que ele tinha um problema! Tá vendo? Orgulho do papai!